El Niño Oscilação Sul (ENOS)
O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é uma oscilação acoplada entre oceano-atmosfera, capaz de produzir anomalias na temperatura da superfície do mar (TSM) do Oceano Pacífico Equatorial. O ENOS possui duas fases distintas, a fase fria (La Niña) e a fase quente (El Niño), e para sua caracterização, a média móvel trimestral da anomalia de TSM deve se sustentar por no mínimo cinco meses consecutivos, ficando abaixo de -0,5°C para casos de La Niña, e acima de 0,5°C para eventos de El Niño.
Mesmo que essas variações aconteçam a uma longa distância do Brasil, pequenas diferenças na temperatura da superfície do mar são capazes de alterar de forma significativa a circulação dos ventos em grande escala, impactando assim o regime de chuvas em diversas regiões brasileiras.

La Niña
O La Niña tem sido dominante nos últimos anos. Praticamente desde o inverno de 2020 o fenômeno está ativo, com um breve período de neutralidade entre maio e agosto de 2021, mas já retornando a fase ativa na sequência. Suas principais influências são sentidas durante a primavera, com uma redução significativa de chuva na região Sul do Brasil, e um aumento em áreas da região Norte, interior do Nordeste, Tocantins, norte de Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. Na faixa norte do Nordeste, Rondônia e norte de Mato Grosso, o sinal mais forte do La Niña ocorre durante os meses de outono, também com um aumento no volume de chuva.
Os efeitos da temperatura do ar não são tão claros quanto às respostas que se têm sobre a precipitação. O principal sinal ocorre nos meses de inverno, quando as temperaturas tendem a ficar abaixo da média em grande parte da região Sul do Brasil. Sobre áreas do Sudeste e durante a primavera – mas especialmente em novembro -, existe uma tendência também para temperaturas abaixo do normal, devido ao excesso de chuva e nebulosidade.
O Sul do Brasil é um exemplo muito claro sobre como o La Niña pode afetar gravemente determinada região. Os três estados passam por um longo período de estiagem desde o verão de 2019/2020. Até houve alguns períodos mais chuvosos, gerando um certo alívio especialmente para o setor agrícola, mas ainda insuficientes para o aumento no nível dos reservatórios.
Um segundo exemplo – agora viajando para a região Norte do Brasil – é a cheia histórica registrada no Rio Negro no outono de 2021. Devido ao excesso de chuva nos primeiros meses do ano, o rio atingiu a marca de 30,02m, sendo o maior nível registrado em 119 anos pelo Porto de Manaus (desde o início das medições, em 1902). Vale lembrar que na época, o La Niña estava ativo desde o inverno de 2020, se estendendo até o final do outono de 2021.

El Niño
O último evento de El Niño aconteceu entre os invernos de 2018 e 2019, impactando em um regime de chuvas acima da média no Sul, e acumulados inferiores ao normal em parte do Nordeste. Quando o El Niño se configura durante os meses de inverno, é comum que desvios de chuva abaixo da média sejam observados na região Norte, e esse sinal pode persistir até meados do outono seguinte, mesmo que com certa variabilidade.
Durante a primavera, a chuva tende a ser mais frequente e volumosa nos três estados do Sul, enquanto enfraquece e fica abaixo da média em áreas do norte de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, interior Nordestino e parte do Centro-Oeste, assim como na região Norte.
Nos meses de verão as influências do El Niño são variáveis, e no outono seguinte à configuração do fenômeno, a chuva aumenta consideravelmente entre o Sul e Sudeste do Brasil, com as anomalias positivas persistindo entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná nos meses de inverno.
Em relação às temperaturas, durante os eventos de El Niño a tendência é de temperaturas acima da média na região Sul, especialmente nos meses de inverno. Na primavera, devido ao tempo relativamente seco no Sudeste, as temperaturas ficam acima do normal nos quatro estados. O mesmo vale para a região Norte e Nordeste, que tendem a permanecer com temperaturas mais elevadas durante episódios de El Niño.
O fenômeno pode provocar transtornos consideráveis em relação aos altos acumulados de precipitação. Um exemplo é a histórica enchente de Porto Alegre, em abril de 1951 (ano de El Niño forte), onde foram registrados 791mm de chuva em poucos dias, resultando em 70 mil pessoas desabrigadas.

Bibliografia
Cavalcanti, Iracema FA. Tempo e clima no Brasil. Oficina de textos, 2016.
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